Cada noite desligas a luz e nessa escuridão começa a estranheza. A estranheza de ter passado um dia mais, cumprindo com as rotinas e os horários como se isso fosse a vida. A mesma estranheza de estar viva. De ir acumulando dias, e noites, e anos. De viver cada dia sem ser consciente.
Cada noite desligas a luz e a certeza desaparece. Na escuridão estás soa, como estarás na morte quando chegue o momento. E essa solidão abre um abismo. Há como um segundo em que parece que vas alcançar a verdade. Um breve instante em que parece que compreendes.
Então caes no sono. No dia seguinte acordas sem memória desse instante.