Às vezes a lógica das cousas fica do revês -ou do direito, que diria Cortázar-, e procurando a explicação mais simples apenas és capaz de encontrar a difícil. A errada. Às vezes parece que o mundo pára porque um telemóvel não responde e não podes confirmar a cita que tinhas. Não achas possível solução alguma, talvez, pensas, tenha sucedido algo de muito grave para que não apanhem o telefone quando tu ligas. É impensável pensar que simplesmente, o telefone não exista. E continuas sem achar solução.
No lugar da cita, uma menina bonita espera que chegues. Estás a pouco mais de trezentos ou quatrocentos metros do lugar. Mas não existe nenhum mecanismo no teu cérebro que te leve até ali. Simplesmente. Fácil. Caminhando os duzentos, trezentos passos que em cinco minutos te colocariam ao lado da conversa, do calor, das olhadas limpas, das conexões cortazarianas.
Na casa, outra ferramenta tão maravilhosa como inútil neste caso, dá-che a solução, a simples, a verdadeira. Ficas terrivelmente desapontada porque tinhas verdadeira vontade desse encontro. Mas também pensas, como Cortázar, que talvez a lógica do mundo seja outra, e este desencontro, talvez, também tinha que ser. És capaz de transformar o desapontamento e torná-lo, de novo, em verdadeira e enorme vontade do encontro. Na próxima ocasão.