Às vezes o mundo te surpeende com o seu rosto mais inconsciente. Nesse rosto habita a imprudência e o impudor. É uma corrente que flue vertiginosa e imparável. Se não tens uma boa póla, uma árvore antiga e dura a que agarrar-te, arrasta-te com força, dá golpes no teu corpo, faz com que te abatas a outros corpos e cospe-te em qualquer beira.
Despida, com as marcas roxas dos golpes, desorientada, com dous ou três cadáveres ao teu redor, outros corpos que arrastache na tua inconsciência, tratas de voltar ao lugar do começo. Nadar contracorrente é heroico, é épico, mas impossível.
Não há solução para esta ocasião. Por isso, abandonas esse rio e mergulhas noutro. Nesse, sabes perfeitamente, não vas deixar de agarrar a árvore.