Quarta-feira, 28 de Junho de 2006
Como uma pílula, toda guardadinha num envelope de plástico, resguardada do frio e da chuva, do sol e do vento. Protegida. Sem possibilidade nenhuma de ser erosionada.
Mas há um dedo que pousa encima da pílula, não faz pressão, apenas fica descansando minuto após minuto. É mole, o seu tacto é uma carícia despreocupada, sem intenção. E a pílula desfaz-se por própria vontade.
Quinta-feira, 22 de Junho de 2006
sem deixar espaço à especulação nem à nostalgia.
Quarta-feira, 14 de Junho de 2006
Viajar pelos bordes dos abismos, sem cair mas sem equilíbrio. Bordear limites inexistentes, fazer malabarismos com as emoções para descobrir que tudo é maravilhosamente inútil. Escrever para as amigas e para uma mesma palavras que não podem ser ditas, nomear o inominável, arriscar onde não há perigo. Gozar o cansaço de viver todos os dias, não esperar. Ser encontrada pelas beiras, olhando muito perto.
(...)
No guardis les imatges
que saps pensar i descriure
i un dia de feblesa
pots partir-te amb els otres.
Segunda-feira, 12 de Junho de 2006
A literatura que me emociona é a que aponta directamente ao estômago. Há outras das que gosto, vam ao coração ou ao cérebro, todas são válidas e gostosas. Mas apenas me agarra, me dá volta, mexe em mim, a estomacal.
A vida que me emociona é a que aponta directamente ao estômago.
Terça-feira, 6 de Junho de 2006
Semelha que no verão é mais difícil o silêncio, evitar o barulho. Semelha que a felicidade se apodera por decreto das pessoas todas, que o Sol ilumina até na sombra.
Agora é apenas deixar-se deslizar, num fio de luz que é rio a desbordar. Deslizar pelas beiras, deixar-se alimentar. Fazer viagens a Paris ou a uma mesma, visitar-se, dar-se abraços e beijos de bem-vinda e aparentar que é a primeira vez (ou aparentar que é como a primeira vez).
Quinta-feira, 1 de Junho de 2006
Viver, como escrever, consiste em ir tirando os excessos (de equipagem)