Como soterrada por toneladas de areia, a vida pesa e sufoca. Mas não há nada mais fácil do que tirar uma areia de cada vez, libertar cada dedo do pé aos poucos, ir sentindo o sol e o ar em cada centímetro de pele, voltar a respirar. Não há nada mais fácil do que acreditar, pôr-se de pé e saber que és forte, passar o que passar. Pôr-se de pé e dar volta à solidão, fazê-la companheira.
Sair do buraco e fazer com a areia que te enterrava uma fermosa escultura. Transformar a dor. Que fique na praia como lembrança das quedas, que fique como prova da impermanência. Essa areia que hoje dói por cima de ti amanhám dá prazer do teu lado.