Por uma única vez fui capaz. Na tua frente. Olhando-te directamente meti-me nos teus olhos e vi através deles. Vi exactamente o que tu vias. A cicatriz na tempa esquerda, o nariz longo, um pouco desmesurado mesmo, a boca pequena mas definida, presente, o queixo bicudo. Vi a cara angular, imperfeita, fermosa. Depois fixei-me nos olhos, enmoldurados por umas celhas mal depiladas. Vi as pupilas castanhas e o íris preto e grande, vi além da olhada linda, além dos olhos bonitos. Vi-me na beira do abismo. Então compreendi por que tés medo.