Então descobres que existe uma vida aí fora. Uma vida que cheira a terra molhada e a relva. Uma vida em que os limites se expandem e aquilo ao que chamas de eu torna diminuto. A massa cerebral que tinha tomado conta do teu mundo assombrando-o começa a desaparecer, engolida polo cheiro a outono. Aos poucos abre-se espaço para o piar dos passarinhos e o barulho das crianças. Até o frio húmido da tarde alia-se aos outros elementos para devolver-te à vida.
A gente se diverte à tua volta. Às crianças brincam ante a emocionada olhada dos adultos (vídeo mediante). Um grupo de dançarinos amadores desafiam o pudor ante um público escasso e distraído. Os casais amam-se das formas mais diversas e sempre novas, mesmo nos tópicos. Adolescentes que descobrem o seu corpo lembram-che que a nora ainda se move.
Até parecera que não existe fome, morte, lume e ambição. Apenas um pedacinho de vida palpitando neste jardim de outono.