à frustração de não ter mais poesia, de não encontrar já as palavras que descrevam a vida ou, o que é mais importante, a melhorem com a sua beleza, sem precisar nada mais do que elas
à ansiedade no estômago por essa fome do que não chega, confiada num futuro cada vez menos confiável, tentando acreditar ainda na própria possibilidade
à certeza de que algo quebrou no teu tempo e agora já não fica mais onde consertá-lo, e terás que viver o resto dos teus dias com um relógio com o passo trocado, a minutagem confundida
à sensação de perder a fe aos poucos, mesmo no sol que nos aquece e no mar que nos alimenta -a alma-
e ainda assim, ter a seguridade de que passará o dia e deixarei de estar colada.
A única rebeldia possível aqui e agora: não ter medo, apanhar as suas notícias e fechar ouvidos, não escutar as ameaças e, sobretudo, ser felizes ao seu pesar.