Tenho necessidade de escolher as palavras mais fermosas para hoje. Escolher as palavras que abriguem a todos com só pronunciá-las. Mas hoje não é dia de palavras. Como não o foram os últimos dias, as últimas semanas. Talvez a tampa que lhes impede sair poda abrir-se quando encontre a mais fermosa, ou apenas quando estar sentada com um ecrã na frente e um teclado debaixo dos dedos não seja uma ameaça.
Eu não posso escrever os versos mais tristes esta noite, não posso dizer que a noite seja estrelada nem tiritem, azuis, astros ao longe. No entanto, a lua cheia embebeda-me de insónia e não posso dizê-la. Não posso dizer o muito que pesam as pálpebras abertas, nem a quantidade de lumes que ardem e não quero apagar. Tampouco posso dizer o tempo, nem tenho linguagem para as mudanças.
E embora acredite em que é curto o amor e longo o esquecimento, não há palavra mais fermosa que essa.
o importante não é o que sintas, nem o que penses. O importante é apenas que acredites. Aquilo no que acreditas existe, e se não existe, não faz diferença.
Há demasiados filmes aí fora que me esperam. Filmes que me contam a vida, essa que não tenho tempo para viver. O meu trabalho dividesse e subdividesse segundo planos perfeitos, programados, com objectivos redigidos com os verbos em infinitivo e os passos a seguir quando tenha tempo a dar passos. Enquanto planifico não caminho.