Sábado, 26 de Maio de 2007
De entre eles, a releitura. Fai-me sentir bem fazer o roteiro das emoções passadas. Fam-me prever as futuras, e sobretudo, relativizar. Em dous dias seguidos podo sentir uma cousa mais a contrária. Que importa então que hoje esteja triste? Ou que seja feliz... Nada importa. Hoje é apenas a repetição doutros hojes que podo rastejar na escritura do meu diário. Amanhã vai ser de novo outra repetição diferente a de hoje. Que importa?
Que razão tinha o Mário Cesariny (e as amigas :-)
Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante
-ele há tanta maneira de compor uma estante!
Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício
Quarta-feira, 16 de Maio de 2007
Apetece ficar na casa, sem livro nem música, sem filmes, sem chuva. Apetece ficar na casa numa posição impossível, preferivelmente no sofá, com o olhar fixo, apenas fixo. Quer dizer, fixado, colado sem nada ou ninguém para olhar. Apetece desligar o computador, que a internet não te ligue a nada por uns escassos minutos. O telemóvel escondido. Apetece cometer erros ortográficos e meter o dedo no nariz. Apetece escrever mal, mesmo mal, dizer um monte de cousas ridículas, rápido, sem pensar, e que nenhum sujeito concorde com o predicado nem contigo.
Apetece não parar nunca de escrever neste post mesmo quando já não haja nada a dizer. Porque afinal não há nada a dizer (polo menos nada há que não vos diga em pessoa a cada um, a cada uma). Apetece falar sem ter nada que dizer, por uma vez, a inconsciência.
sons: silêncio
Quarta-feira, 9 de Maio de 2007
Cansam as dúvidas, a insegurança, a forma de ser impossível de mudar. Cansa aprender amodo, cansa sentir-se derrotada, acabar o curso com a moral polo chao porque não és aquilo que pensavas que eras... A percepção, já se sabe, depende de um milhão de cousas. Hoje, a percepção depende do cansaço.
E tou cansada. Sobretudo, do estúpido e inútil sistema educativo que me faz sentir estúpida e inútil no meu trabalho.
Terça-feira, 1 de Maio de 2007
Tudo volta a começar. Expor-se em público sabendo que não é preciso, com o ego em luta cada dia, com a vaidade dizendo que te retires, com a autoestima enganando-te com desculpas do tipo: todos os genios tiveram algum fracasso. Qual o problema com os fracassos?
Apenas é medo, medo a que a construção que te conforma fique derrubada, como se fosse assim que sucedem as cousas.
Afinal o que importa...